Meu Pai

José Gonçalves Elias Netto (1925 - 2009)

(Foto: meus pais e meus filhos)

Meu pai sempre trabalhou muito, a vida de jornalista era intensa e cansativa, muitas vezes chegava muito tarde em casa. Uma das minhas melhores lembranças de quando era criança é que nós 2 íamos todo sábado de manhã ao centro de SP passear; primeiro comprar um livro ou revistinha na Livraria Siciliano, depois tomar um café com creme, às vezes comprar alguma roupinha na Sarú (que a minha mãe nem sempre gostava), outras vezes comprar algum aparelho eletrônico na Santa Ifigênia...sempre só nós dois...

Eu sou a caçulinha, confesso que sempre fui a queridinha do papai, afinal quando eu nasci meus irmãos já tinham 10 e 8 anos (Sorry, Yara por esta bombástica revelação da sua idade...) e um bebê sempre requer mais atenção.
Meu pai foi um gênio ( A Rutha e eu sempre nos identificamos muito com ele...kkk) sabia de tudo, sobre tudo ! Durante muitos anos ele foi Redator- chefe da revista Comércio Exterior; para escrever sobre exportação ele teve que viajar o mundo inteiro, tirava muitas fotos e trazia muitos presentes...era uma festa quando ele voltava pra casa e abria a mala cheia de novidades !
Além de jornalista ele também era apaixonado por marcenaria, eletrônica e inveções em geral, estava sempre na garagem inventando alguma coisa...
Gostaria de ter a habilidade de escrever palavras que traduzissem com clareza e poesia tudo que meu pai representou pra mim, mas não me sinto à altura, só posso agradecer todo o amor que ele me deu e tudo que ele fez por mim e meus filhos. Ele foi um avô maravilhoso, sempre esperando os netos com brincadeiras e invenções criativas ou um miminho para a Bichaninha, que era como ele carinhosamente chamava a Rutha !

Vou transcrever abaixo uns trechos do texto que foi publicado no jornal "Folha de São Paulo" uns dias depois da morte do meu pai:

"Jornalista Prêmio Esso e sua garagem de invenções"
"Os trenzinhos que ziguezagueavam pela sala embasbacaram os netos. Construir os brinquedos foi uma das muitas experiências a que José Elias se entregou trancado na garagem de casa. Nas horas vagas era inventor...
Zé também criou textos. De suas mãos saíram as palavras que preencheram as 15 páginas de uma reportagem sobre reflorestamento, publicada na revista "Exame", em 1971. O esforço rendeu ao autor um Prêmio Esso, na categoria Informação Econômica.
Trabalhou no jornal "Ultima Hora", durante muitos anos em revistas da Editora Abril e na "Gazeta Mercantil". Também colaborou, em Brasília, com publicações do Itamaraty."

PAI, EU TE AMO !